Desde os primórdios eles estão presentes, quando eram feitos de pedra. Com o passar do tempo, sofreram aperfeiçoamentos. Na Idade Média, as guerras envolviam a utilização de vários tipos de armas. Entre os pessoais, podemos citar espada, elmo, armadura e escudo (principais armamentos de um guerreiro). O cavalo era o meio de transporte usado para o deslocamento durante os conflitos.
Batalhas?! Cavalo?! Cavalaria?! Marechal Osorio...
“Foram definitivas para o sucesso em várias Campanhas”
2º Ten ANDRÉA Cogan. A museóloga, que serve no 3º Regimento de Cavalaria de Guarda – Regimento Osorio, dispôs-se a responder gentilmente 5 (cinco) perguntas referentes aos armamentos utilizados pelas tropas de Mal. Osório. As suas respostas, na íntegra, estão representadas abaixo.
1. Osorio Super Blog - Quais os principais armamentos utilizados por Marechal Osorio e suas tropas durante os combates?
Ten Andréa - Em primeiro lugar podemos citar como armamento que chegou ao gaúcho e ao soldado de cavalaria, a famosa “boleadeira”.Boleadeiras são artefatos usados pelos indígenas para derrubar animais, enlaçando-os nas pernas. Teriam servido também para abater aves em pleno vôo. Constam de uma tira de couro ou cipó com mais ou menos ½ metro de comprimento, no final do qual saem duas ou três outras tiras ou cipós, quase do mesmo tamanho, com uma esfera de pedra nas pontas. É arrodeado acima da cabeça e depois solto, com grande velocidade e impulso. Tornou-se acessório de soldados de cavalaria em todos os exércitos platinos, tanto dos nossos gaúchos cômodos, uruguaios, argentinos e paraguaios.Depois se tem o armamento portátil. Na Guerra da Tríplice Aliança a distribuição do armamento portátil se fez da seguinte forma:- Fuzil com baioneta para a Infantaria de Fuzileiros;- Carabina com sabre-baioneta para a Infantaria de Caçadores;- Clavina, pistola e lança para a Cavalaria- Mosquetão com sabre iatagã para os Artilheiros e Engenheiros;- Revólver para a Defesa Pessoal dos Oficiais.Já a Artilharia de Campanha era constituída por bocas de jogos de bronze do sistema La Hitte, raiadas e de ante-carga, três calibres, designados pelo peso do projétil em quilos:4,6,e 12. A munição constava de “granadas”, “schrapnéis”, “lanternetas”. O alcance era de aproximadamente 2000 metros para a boca de fogo 4, de montanhas; 3000 metros para a boca de fogo 4 de campanha e 4100 metros para a boca de fogo 12 de campanha. Com o canhão Whitworth 32 o alcance chegava a 4389 metros. Empregaram-se três espécies de tiro: o “direto” (ou de “bater”), o “mergulhante” e o “ricochete”. Além dos canhões comprados na França, na Inglaterra e Espanha. E o Arsenal de Guerra do Rio também os fabricou. Ressalto mais uma vez a lança, muito característica na história do Mal Osório. A lança aparece pela primeira vez como arma regulamentar em 1826, na Campanha da Cisplatina, mas de forma limitada, somente usada pelos mercenários alemães do Esquadrão de Lanceiros, embora a milícia do Rio Grande do Sul a empregasse há tempos. A partir de 1831, tratou-se de equipar tropas de Cavalaria Ligeira em substituição aos Dragões, equipando-as com lanças. A unidade de Cavalaria Ligeira compunha-se de um Esquadrão de Atiradores (armados com clavinas) e três de lanceiros. Nas cargas, os clavineiros usavam os sabres. As lanças milicianas gaúchas tinham cruzetas em meia-lua. As do Exército regular, modelo 1844, não tinham cruzeta.As lanças mais antigas seriam gregas, muito longas e chamadas “sarissos”. As romanas eram mais curtas e chamavam-se “soliferrea” e “pilum”. As dos gauleses, com choupa larga, chamadas “frameia”.As partes das lanças são:· “choupa” ou “ponta”;· “conto”, extremidade inferior;· “fuste” ou “haste”; e· “cruzeta” ou “meia-lua”.São “apendoadas” se levam bandeirolas ou flâmulas. Possuem “fiadores” e repousam no “cachimbo” dos estribos. Possuem também “orelhas”, “cutelos” e “ganchos”.
2. Osorio Super Blog - Estas armas foram definitivas para o alcance do sucesso ou das derrotas de suas campanhas?
Ten Andréa - Sim. Foram definitivas para o sucesso em várias Campanhas. A Cavalaria, por exemplo, armava-se de sabres curvos, clavinas e pistolas de carregar pela boca e lanças. Executava missões típicas de reconhecimento, cobertura e ataque. Quase sempre nas alas. Perseguia no aproveitamento do êxito. Como as armas de fogo disparavam um único tiro, inúteis depois disso, o regulamento determinava que a espada estivesse sempre desembainhada, suspensa ao punho pelo fiador.
3. Osorio Super Blog - Houve necessidade de aprimoramento dos armamentos utilizados, a fim de que a atuação das tropas por ele comandadas se tornasse mais eficaz?
Ten Andréa - O aprimoramento dos armamentos se deu ao longo dos anos. Naquele período, no entanto, quando Osório, no dia 19 de maio de 1865, é confirmado comandante do Exército Imperial em Operações, iniciara os preparativos para a guerra por iniciativa própria. Começaram a chegar reforços. Até ali, o Exército Imperial dispunha em todo o Brasil de minguados dezoito mil homens. O Exército do Sul, pouco mais de um quarto desse total. Por isso, o governo mobilizou a Guarda Nacional e criou os Corpos de Voluntários da Pátria. E em curtos 10 meses o Exército Imperial passava a contar, naquelas paragens pampeanas, quase quarenta mil homens. No imenso acampamento brasileiro, as baixas sucediam-se por causa, principalmente, do tifo, da varíola e da desinteria. Mais de cinco mil soldados em alguns meses. Osorio providenciou um Hospital Militar e a convocação de mais médicos e reforçou o Batalhão de Engenheiros para o tratamento da água. Instalou ali, ainda, uma fábrica de cartuchos. Em três meses, mais de 2 milhões de cartuchos para as carabinas e fuzis do sistema Minié. A arma Minié foi o resultado de uma revolução na indústria de armamento. Pela primeira vez os princípios da produção em série e da padronização permitiram a fabricação em grandes números de uma arma de precisão confiável, capaz de ser distribuída a todos os soldados e não apenas a unidades especializadas de atiradores. Com a Minié, o início do combate de tiro, que antes era restrito a uns 200 metros, passou a ser feito em distâncias muito maiores. Assim, a alça de mira da espingarda brasileira do sistema e de fabricação belga era regulada para 825 metros e, de fato, o atirador tinha chances de atingir um alvo grande (como um batalhão em linha), a uns 500 metros de distância, sem maiores problemas. Osorio, também mandou fabricar embarcações tipo balsa-curral para transporte da cavalhada e do gado.
4. Osorio Super Blog - Ao pesquisarmos em alguns sites, pudemos perceber que a grande maioria das armas empregadas durante este período do séc. XIX por Osorio eram importadas. É verdade?
Ten Andréa - Sim, é verdade. Os Sabres, por exemplo. O sabre é de origem oriental e diz-se que representa o crescente do Islã. Os cruzados flamengos introduziram o sabre na Europa.
5. Osorio Super Blog - Os armamentos utilizados pelas tropas de Marechal Osorio são ainda usados pela Cavalaria dos dias atuais? Caso não sejam, por quê?
Ten Andréa- Não são mais usados. Como já é de conhecimento de todos, a Cavalaria é a arma das forças terrestres que, antigamente combatia a cavalo em ações de choque ou de reconhecimento e que, atualmente desempenha missões semelhantes, mas fazendo uso de veículos blindados. No Exército Brasileiro as unidades de cavalaria podem ser: blindadas, mecanizadas e de guardas. O nosso Regimento, por ser um regimento de Cavalaria de Guarda, não usa mais o tipo de armamento das tropas de Osorio, mas ainda mantém o famoso Sabre de Cavalaria. Em ocasiões especiais, em formaturas, em homenagens, o sabre de Cavalaria está presente. O sabre de 1831 foi finalmente substituído em 1881, sendo chamado de "modelo 1881", com a chegada aqui no Brasil do Sabre que também é conhecido como "Krupp", fabricado por Alex Coppel. Este é uma arma pesada e muito longa (105 cm, dos quais 91 de lâmina), não muito adequada à estatura do brasileiro médio do período. Apesar de tudo, o sabre teve uma longa vida no Brasil, continuando a ser usada até o início do século seguinte.
A única mudança foi na inscrição anteriormente gravada nas armas, "PII", de Pedro II, que foi substituída por uma outra, "E.U.B." – Estados Unidos do Brasil.
A espada (como chamamos até hoje) é necessária no dia-a-dia, para as cerimônias normais de uma guarnição: prestar continências, saudar a bandeira, e assim por diante. Desta forma foi adotada esta arma, bem simples e leve, para não ser incômoda, podendo ser usada presa por correias do cinto normal. Cabe ressaltar, que esta arma é definitivamente um sabre: uma lâmina ligeiramente curva, com o gume em apenas um dos lados da mesma. Apesar disso, no Exército, era conhecida como "espada", prática que continuou até os dias de hoje, gerando as citadas confusões.
Características das Armas
*Pistola Minié:
Dados Técnicos:
- Calibre: 14,8 mm
- Comprimento: 375 mm
- Peso: 1,2 kg
- Alcance útil: 15m
- Cadência de fogo: 2 a 4 por minutos
Dados Técnicos:
Calibre: 14,66mm
Clavinas:
A arma tradicional dos atiradores da Cavalaria. Na guerra do Paraguai as tropas de cavalaria usaram três tipos de clavinas:
* Clavina Minié:
Arma muito pouco utilizada pelo Brasil, foi adotada em 1857 e no ano de 1868 já estava sendo substituída.
Dados técnicos:
Calibre: 14,8 mm
Comprimento: 98 cm
Peso: 3,02 kg
Raias: 4 a direita
Alça: de 0 a 250 m.
Alcance útil: 100 m
Cadência de fogo: 2 a 4 tiros por minuto
* Clavina Enfield :
Nos relatórios do Ministro de Guerra consta o envio de apenas 463 clavinas Enfield para a guerra do Paraguai.
Dados técnicos:
Calibre: 14,66 mm
Comprimento: 94 cm
Raias: 5 a direita
Alça: de 0 a 300 jardas
Alcance útil: 100 m
Cadência de fogo: 2 a 4 tiros por minuto
Dados técnicos:
Calibre: 12,7 mm
Comprimento: 94 cm
Peso: 3,8 kg
Carregador: 7 cartuchos
Raias: 3 ou 6 a direita
Alça: de 0 a 900 jardas
Alcance útil: 300 m
Cadência de fogo: 12 a 21 tiros por minuto
Dados técnicos:
Comprimento total: 276 cm
Comprimento da lâmina: 14,5 cm
Diâmetro da haste: 4,7 cm
Alcance (distância da ponta ao centro de gravidade): 164 cm
Peso: 2,52 kg
Sabres:
O sabre pode ser curvo ou reto (raro) e é mais graúdo que a espada, a qual possui dois gumes e é sempre reta.
Principais tipos de sabre são:
-A “Badelaria”, guarda em S, curvo e longo;
-A “Cimiatarra”, guarda em S, folha toda da mesma largura, muito curto e maior que a Badelaria;
-A “Alfange”, guarda em S, curva com lâmina alargada na ponta;
-“Cossaco” ou “Gama”, ligeiramente curvo, sem guarda;
-“Kandjar” ou “Albanês”, lâmina alongada na ponta;
-“Yatagon”, lâmina em S, guarda em S;
-“Catana”, ligeiramente curvo, sem guarda e para duas mãos, grande;
-“Mameluco” ou “Rabo-de- Gato”, guarda simples;
-“Hussar” semelhante ao Mameluco mas menos curvo;
* Sabre 1831:
Estes sabres (havia dois modelos, um de oficial e outro de praça - este conhecido “sabre reiúno”) seguiam basicamente o estilo francês de arma de cavalaria ligeira, com uma guarda formada por barras de seção mais ou menos circular e lâmina ligeiramente curva.
* Sabre de 1881:
Possui 105 cm, dos quais 91 são de lâmina, não sendo muito adequada à estatura do brasileiro médio do período. Ressalta-se também um ponto negativo: a têmpera da lâmina é revenida, ou seja, o aço é temperado superficialmente, com uma camada externa muito dura, enquanto o núcleo da arma ficava flexível. Mas qual é o problema? A camada endurecida era muito fina e se a arma fosse constantemente polida, o revenido seria removido e a arma perderia a sua rigidez.
Sabre de Osorio
Curiosidade
ARMAS BIOLOGICAS NA GUERRA DO PARAGUAI
Quando falamos de armas biológicas, logo pensamos em tecnologia moderna e etc. Mas por incrível que pareça, esta prática pode ser meio antiga. Bom, há boatos de que o Brasil na Guerra do Paraguai tenha usado esse tipo de arma.
Em um conjunto de documentos mantidos no Museu Mitre(Argentina), existe uma carta do Duque de Caxias para o imperador D. Pedro II. Neste documento o militar sugere jogar corpos com cólera no rio Paraná com o intuito de infectar combatentes paraguaios.
Alguns historiadores acreditam nesta tese, mas outros dizem que os corpos não seriam jogados para infectarem inimigos. O Exército Brasileiro nega que Caxias tenha feito isso para infectar os soldados paraguaios e sim que ele tenha feito isso
somente para se livrar dos corpos.
Fontes:
http://br.geocities.com/armas_brasil/index.html
http://guerras.brasilescola.com/seculo-xvi-xix/armas-biologicas-na-guerra-paraguai.htm
http://www.arqanalagoa.ufscar.br/abed/Integra/Braz%20Batista%20Vas,%2012-08-07.pdf
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